Segundo pesquisa realizada recentemente pelo Instituto DataFolha e a SBCP - Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os procedimentos para aumento de mama representam 21% das intervenções estéticas e ocupam o primeiro lugar no ranking de cirurgias plásticas no Brasil.
A posição de destaque que a cirurgia de mama ocupa no universo da estética estimula o desenvolvimento de novas técnicas e uma que vem sendo debatida no mercado brasileiro é a aplicação do ácido hialurônico para aumento dos seios, como um procedimento não-invasivo, sem anestesia e que pode turbinar o visual de quem tem medo de enfrentar uma cirurgia plástica. Mas, será que vale a pena?
Quem gosta de novidade deve ir devagar. “A aplicação do ácido hialurônico para o aumento das mamas ainda não possui estudos científicos que avaliem os reais efeitos ou complicações que ele pode trazer para a beleza e saúde da mulher. Pode ocorrer infiltração no músculo peitoral ou mesmo dentro da glândula mamária, além da grande quantidade de ácido necessária para dar volume, o que aumentaria os custos do procedimento.
É preciso lembrar também que a substância é reabsorvível e o volume irá diminuir num prazo curto, quando comparamos com o efeito da prótese”, esclarece Dr. Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555), médico especialista em cirurgia plástica de mama e oncoplástica, Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Membro Consultor do corpo de revisores internacionais das revistas americanas Annals of Plastic Surgery e Plastic Reconstructive Surgery, Membro do Corpo Editorial da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, além de integrar o corpo clínico dos Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Fleury, Oswaldo Cruz e São Luis.
Sobre o assunto, o Dr. Alexandre Munhoz explica com detalhes o uso da substância para esta finalidade. Confira a entrevista abaixo com o especialista.
1-Como surgiu a idéia de aplicar o ácido hialurônico para aumento das mamas? As experiências clínicas até o presente momento com a utilização do acido hialurônico (AH) em mamas são limitadas e com pouco número de casos para poder avaliar os reais efeitos benéficos ou mesmo as complicações do seu uso para este caso, especificamente.
O ácido hialurônico é um polímero da família dos polissacarídeos, absorvível, biocompatível e utilizado em larga escala desde a década de 90 para o tratamento de rugas e pequenas depressões cutâneas. Normalmente, são pequenos volumes (de 1 a 5 ml) injetados dentro da camada dérmica da pele. A partir de meados do ano 2000, e decorrente da maior evolução e refinamento na produção do polímero desse ácido, como maior pureza na molécula e, por conseqüência, menor reação local, novas aplicações clínicas começaram a surgir.
Estes polímeros mais modernos começaram a ser indicadas para o tratamento de depressões cutâneas maiores, pós-lipoaspiração e seqüelas profundas de acne com irregularidades na face. Em 2006 na Suécia, iniciou-se um estudo prospectivo avaliando o uso do ácido hialurônico de última geração (Macrolane) no tratamento de irregularidades do contorno corporal. Neste estudo, que é o único no mundo publicado sobre aumento de mama e divulgado agora em 2009, um dos grupos avaliados era de pacientes com hipomastia (mamas pequenas).
No estudo, 19 pacientes foram submetidas à injeção do Macrolane com volume médio de 200ml e na posição atrás da glândula mamária e na frente do músculo peitoral. Com dois anos de seguimento, 40% do volume inicial injetado ainda permanecia. Dentre as principais complicações, o estudo observou reações como dor intensa durante a injeção, reação local e endurecimento e processo inflamatório temporário. Segundo os autores, no seguimento de dois anos com mamografia e ultrasom não foram observados alterações importantes como nódulos e calcificações, porém o acompanhamento ainda continua.
2- Por que esse tipo de uso do ácido hialurônico não é recomendado? Porque fora o estudo Sueco, não existe nenhuma outra pesquisa cientifica avaliando os resultados no longo prazo, após a injeção de grandes volumes de ácido hialurônico. Isto avaliando-se apenas os estudos científicos controlados e publicados em revistas cientificas indexadas. Ademais, mesmo o estudo sueco é limitado, pois o número de pacientes é pequeno (19) e o tempo de seguimento muito curto (2 anos). Assim, não há evidência científica até o momento dos efeitos positivos ou mesmo das complicações na injeção de grandes volumes na mama.
3- Quais as conseqüências que ele pode trazer para a região mamária? Pode ocorrer infiltração no músculo peitoral ou mesmo dentro da glândula mamária. Isto pode levar a formação de nódulos ou calcificações que atrapalhariam o acompanhamento com mamografia e ultrassom. Como existe a necessidade de injeção de grandes volumes (mais de 100ml) para se obter um bom resultado, a chance de erro na injeção ou mesmo de reação local (inflamação) é muito maior. Assim, há a necessidade de estudos mais detalhados e profundos para avaliar os resultados no aumento de mama.
Outro ponto fundamental é que ate o presente momento não há estudos que avaliem se grandes volumes de ácido hialurônico não poderiam ser absorvidos pelos vasos linfáticos e chegarem a circulação sanguínea e, com conseqüente embolia para fígado, rins ou outro órgão vital.
4- Se uma mulher realizar este tipo de aplicação e logo após ficar grávida, o ácido hialurônico pode interferir na futura amamentação? Não há estudos que avaliam este aspecto. Teoricamente não, desde que a injeção tenha sido feita totalmente na região retroglandular. Mas nada impede que algumas moléculas cheguem aos lóbulos mamários (ou por difusão direta ou por erro na aplicação) e entrem em contato com o leite materno. Há a necessidade de estudos futuros, porque o trabalho sueco não avaliou esta questão.
5-Em sua avaliação, quais são os principais uso do ácido hialurônico, atualmente? O ácido hialurônico pode ser aplicado no tratamento de pequenas irregularidades cutâneas como depressões pós vacina, seqüelas de lipoaspiração ou cicatrizes deprimidas, onde o volume injetado não exceda a quantidade de 20 a 30ml. Nas rugas faciais e sulcos, essa substância tem excelente indicação e a experiência com o seu uso tem mais de 15 anos, mostrando que os resultados são seguros e previsíveis, conferindo naturalidade às regiões que receberam a substância.
Perfil: Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555) – Cirurgião Plástico - Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mestre e Doutor em Cirurgia Plástica na área de Cirurgia Mamária pela HC-FMUSP, Dr. Munhoz é Coordenador do Grupo de Reconstrução Mamária do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Membro Consultor do corpo de revisores internacionais das revistas americanas Annals of Plastic Surgery e Plastic Reconstructive Surgery, Membro do Corpo Editorial da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, além de integrar o corpo clínico dos Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Fleury, Oswaldo Cruz e São Luis.
O foco científico levou o Dr. Munhoz a desenvolver 6 técnicas cirúrgicas originais descritas e publicadas internacionalmente: 4 na área de reconstrução mamária pos-câncer – oncoplástica; 1 na área de prótese de mama via axilar e 1 na área de cirurgia da intimidade (ninfoplastia/redução de pequenos lábios).
Com uma intensa atuação acadêmica, Dr. Alexandre possui 87 trabalhos científicos publicados em jornais e revistas do meio médico, sendo que 47 estudos estão indexados no www.pubmed.com (site da biblioteca médica norte-americana). O especialista já escreveu 24 capítulos de livros, sendo que sete deles integram livros internacionais.
A posição de destaque que a cirurgia de mama ocupa no universo da estética estimula o desenvolvimento de novas técnicas e uma que vem sendo debatida no mercado brasileiro é a aplicação do ácido hialurônico para aumento dos seios, como um procedimento não-invasivo, sem anestesia e que pode turbinar o visual de quem tem medo de enfrentar uma cirurgia plástica. Mas, será que vale a pena?
Quem gosta de novidade deve ir devagar. “A aplicação do ácido hialurônico para o aumento das mamas ainda não possui estudos científicos que avaliem os reais efeitos ou complicações que ele pode trazer para a beleza e saúde da mulher. Pode ocorrer infiltração no músculo peitoral ou mesmo dentro da glândula mamária, além da grande quantidade de ácido necessária para dar volume, o que aumentaria os custos do procedimento.
É preciso lembrar também que a substância é reabsorvível e o volume irá diminuir num prazo curto, quando comparamos com o efeito da prótese”, esclarece Dr. Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555), médico especialista em cirurgia plástica de mama e oncoplástica, Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Membro Consultor do corpo de revisores internacionais das revistas americanas Annals of Plastic Surgery e Plastic Reconstructive Surgery, Membro do Corpo Editorial da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, além de integrar o corpo clínico dos Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Fleury, Oswaldo Cruz e São Luis.
Sobre o assunto, o Dr. Alexandre Munhoz explica com detalhes o uso da substância para esta finalidade. Confira a entrevista abaixo com o especialista.
1-Como surgiu a idéia de aplicar o ácido hialurônico para aumento das mamas? As experiências clínicas até o presente momento com a utilização do acido hialurônico (AH) em mamas são limitadas e com pouco número de casos para poder avaliar os reais efeitos benéficos ou mesmo as complicações do seu uso para este caso, especificamente.
O ácido hialurônico é um polímero da família dos polissacarídeos, absorvível, biocompatível e utilizado em larga escala desde a década de 90 para o tratamento de rugas e pequenas depressões cutâneas. Normalmente, são pequenos volumes (de 1 a 5 ml) injetados dentro da camada dérmica da pele. A partir de meados do ano 2000, e decorrente da maior evolução e refinamento na produção do polímero desse ácido, como maior pureza na molécula e, por conseqüência, menor reação local, novas aplicações clínicas começaram a surgir.
Estes polímeros mais modernos começaram a ser indicadas para o tratamento de depressões cutâneas maiores, pós-lipoaspiração e seqüelas profundas de acne com irregularidades na face. Em 2006 na Suécia, iniciou-se um estudo prospectivo avaliando o uso do ácido hialurônico de última geração (Macrolane) no tratamento de irregularidades do contorno corporal. Neste estudo, que é o único no mundo publicado sobre aumento de mama e divulgado agora em 2009, um dos grupos avaliados era de pacientes com hipomastia (mamas pequenas).
No estudo, 19 pacientes foram submetidas à injeção do Macrolane com volume médio de 200ml e na posição atrás da glândula mamária e na frente do músculo peitoral. Com dois anos de seguimento, 40% do volume inicial injetado ainda permanecia. Dentre as principais complicações, o estudo observou reações como dor intensa durante a injeção, reação local e endurecimento e processo inflamatório temporário. Segundo os autores, no seguimento de dois anos com mamografia e ultrasom não foram observados alterações importantes como nódulos e calcificações, porém o acompanhamento ainda continua.
2- Por que esse tipo de uso do ácido hialurônico não é recomendado? Porque fora o estudo Sueco, não existe nenhuma outra pesquisa cientifica avaliando os resultados no longo prazo, após a injeção de grandes volumes de ácido hialurônico. Isto avaliando-se apenas os estudos científicos controlados e publicados em revistas cientificas indexadas. Ademais, mesmo o estudo sueco é limitado, pois o número de pacientes é pequeno (19) e o tempo de seguimento muito curto (2 anos). Assim, não há evidência científica até o momento dos efeitos positivos ou mesmo das complicações na injeção de grandes volumes na mama.
3- Quais as conseqüências que ele pode trazer para a região mamária? Pode ocorrer infiltração no músculo peitoral ou mesmo dentro da glândula mamária. Isto pode levar a formação de nódulos ou calcificações que atrapalhariam o acompanhamento com mamografia e ultrassom. Como existe a necessidade de injeção de grandes volumes (mais de 100ml) para se obter um bom resultado, a chance de erro na injeção ou mesmo de reação local (inflamação) é muito maior. Assim, há a necessidade de estudos mais detalhados e profundos para avaliar os resultados no aumento de mama.
Outro ponto fundamental é que ate o presente momento não há estudos que avaliem se grandes volumes de ácido hialurônico não poderiam ser absorvidos pelos vasos linfáticos e chegarem a circulação sanguínea e, com conseqüente embolia para fígado, rins ou outro órgão vital.
4- Se uma mulher realizar este tipo de aplicação e logo após ficar grávida, o ácido hialurônico pode interferir na futura amamentação? Não há estudos que avaliam este aspecto. Teoricamente não, desde que a injeção tenha sido feita totalmente na região retroglandular. Mas nada impede que algumas moléculas cheguem aos lóbulos mamários (ou por difusão direta ou por erro na aplicação) e entrem em contato com o leite materno. Há a necessidade de estudos futuros, porque o trabalho sueco não avaliou esta questão.
5-Em sua avaliação, quais são os principais uso do ácido hialurônico, atualmente? O ácido hialurônico pode ser aplicado no tratamento de pequenas irregularidades cutâneas como depressões pós vacina, seqüelas de lipoaspiração ou cicatrizes deprimidas, onde o volume injetado não exceda a quantidade de 20 a 30ml. Nas rugas faciais e sulcos, essa substância tem excelente indicação e a experiência com o seu uso tem mais de 15 anos, mostrando que os resultados são seguros e previsíveis, conferindo naturalidade às regiões que receberam a substância.
Perfil: Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555) – Cirurgião Plástico - Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mestre e Doutor em Cirurgia Plástica na área de Cirurgia Mamária pela HC-FMUSP, Dr. Munhoz é Coordenador do Grupo de Reconstrução Mamária do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Membro Consultor do corpo de revisores internacionais das revistas americanas Annals of Plastic Surgery e Plastic Reconstructive Surgery, Membro do Corpo Editorial da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, além de integrar o corpo clínico dos Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Fleury, Oswaldo Cruz e São Luis.
O foco científico levou o Dr. Munhoz a desenvolver 6 técnicas cirúrgicas originais descritas e publicadas internacionalmente: 4 na área de reconstrução mamária pos-câncer – oncoplástica; 1 na área de prótese de mama via axilar e 1 na área de cirurgia da intimidade (ninfoplastia/redução de pequenos lábios).
Com uma intensa atuação acadêmica, Dr. Alexandre possui 87 trabalhos científicos publicados em jornais e revistas do meio médico, sendo que 47 estudos estão indexados no www.pubmed.com (site da biblioteca médica norte-americana). O especialista já escreveu 24 capítulos de livros, sendo que sete deles integram livros internacionais.
Fonte
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Comentários
Tal e como o colega Alexandre falou, o Ácido Hialurônico (AH) é um material absorvível, caro e de curta durabilidade quando injetado em tecidos profundos, assim, a sua tentativa de utilização para aumento das mamas somente tem o objetivo de trazer lúcros para médicos não especialistas em cirurgia plástica que se aproveitam do medo que algumas pacientes tem de serem submetidas a uma cirurgia, sem se preocuparem com o quê irá acontecer com esta mama tratada com um produto cujo comportamento biológico no local aplicado é desconhecido.
Sugiro cautela a todas as leitoras com esta "novidade da medicina"
Gustavo Rincón Moreno
Cirurgião Plástico de Brasília
Membro S.B.C.P.
Membro I.P.R.A.S.