WASHINGTON (AFP) — As toxinas botulinícas, utilizadas com freqüência no tradicional tratamento cosmético do Botox, expõe seus usuários a sérios efeitos colaterais que podem levar à morte, alertaram na sexta-feira passada as autoridades sanitárias dos Estados Unidos, sem, no entanto, proibirem sua comercialização.
A agência federal de controle de medicamentos (Food and Drug Administration, FDA) "recebeu relatórios que descreviam reações graves às toxinas botulínicas como problemas respiratórios e mortes", declarou Russell Kratz,
médico que a dirige a divisão de produtos neurológicos da FDA.
"As reações foram registradas em locais distantes da região onde o produto havia sido injetado" afirmou Kratz.
No comunicado à imprensa divulgado pela FDA na sexta-feira passada (8), o órgão americano alertou para a existência de "reações negativas sistêmicas, dentre as quais problemas respiratórios e mortes em decorrência da utilização de toxinas botulínicas".
"Os relatórios são indicativos do botulismo, que acontece quando a toxina botulínica se espalha pelo corpo para além do local onde ela foi injetada", explica o comunicado.
"Os casos mais graves provocaram hospitalização das vítimas e até mortes", revelou a FDA.
Os efeitos colaterais foram observados em pacientes, crianças e adultos, tratados com a toxina para fins terapêuticos, no combate a sintomas como espasmos nos músculos do pescoço e das costas, o estrabismo, contrações nas pernas, pálpebras e pescoço, além da suavização da transpiração excessiva.
Katz explicou que nenhuma das vítimas registradas tinha utilizado o Botox para fins cosméticos, mas ainda assim recomendou que se tenha muita atenção.
"Se alguém que tenha usado o Botox para fins estéticos comece a desenvolver sintomas ligados à propagação da toxina, pacientes e médicos devem levar isso a sério", advertiu o médico.
O relatório se soma a uma série de outros estudos da FDA sobre a segurança do tratamento com toxinas botulínicas, e foi divulgado duas semanas após o pedido de um grupo de defesa dos direitos do consumidor para que o Botox - toxina usada por milhões de pessoas em todo o mundo para "esticar" a pele - seja utilizado com advertências sanitárias mais severas.
O grupo de defesa Public Citizen, fundado pelo ex-candidato à presidência dos EUA Ralph Nader, fez um apelo à FDA no mês passado para que se "aumente imediatamente as advertências (...) sobre o uso da toxina botulínica" devido às "sérias reações adversas, incluindo mortes, associadas a este tratamento".
A organização relata que, entre novembro de 1997 e dezembro de 2006, 16 pessoas morreram entre os 658 casos reportados de pacientes que "sofreram efeitos adversos após receber injeções da toxina botulínica".
A FDA afirma, no entanto, que ainda "não concluiu se há uma relação causal entre os produtos derivados desta substância e as emergências ocorridas", e que por isso "não está alertando os profissionais da saúde para que parem de prescrever estes produtos".
A toxina botulínica é um veneno natural 40 milhões de vezes mais poderoso que o cianureto, encontrado em alimentos em processo de decomposição. Ela é secretada pela bactéria causadora do botulismo, uma doença muito perigosa que pode ser contraída na ingestão de conservas estragadas.
Injetadas superficialmente, pequenas doses da toxina paralisam o músculo e impedem sua contração por entre quatro e seis meses, o que é ideal para eliminar temporariamente rugas faciais. O problema é que a substância pode ser fatal se atingir músculos errados, como o coração.
A toxina botulínica pode ser comercializada sob as marcas Botox ou Vistabel (laboratórios Allergan), Myobloc e Neurobloc (laboratórios Solstice Neurosciences) ou Dysport (laboratórios Ipsen).
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